Esse
texto surgiu da necessidade da abordagem um pouco mais técnica sobre a
importância da educação infantil, o que vem a ser pratica pedagógica e como ela
pode ser aplicada. Muitas famílias, às vezes, não conseguem perceber uma
intencionalidade em algumas atividades praticadas na escola e para isso, o
texto abaixo apresenta alguns fundamentos que norteiam nossa pratica cotidiana.
“A amizade sem confiança é uma flor sem perfume.”
Pratica pedagógica
Ter
como ponto de partida os aspectos da formação brasileira, as relações de produção,
classes sociais, cultura como prática social e ideologia é fundamental para
analisar os múltiplos determinantes da prática pedagógica e perceber a prática pedagógica como parte de um processo
social e de uma prática social maior.
Ela envolve a dimensão educativa não apenas na
esfera escolar, mas na dinâmica das relações sociais que produzem
aprendizagens, que produzem o “educativo”.
Em
segundo lugar, a prática pedagógica expressa às atividades rotineiras que são
desenvolvidas no cenário escolar. Podem ser atividades planejadas com o intuito
de possibilitar a transformação ou podem ser atividades bancárias, tendo a
dimensão do depósito de conteúdo como característica central.
Paulo
Freire (1987) expressou inúmeras críticas à educação que denomina bancária,
assim como elaborou uma proposta de educação libertadora, voltada para a
transformação social e, portanto,centralizada no sujeito histórico que produz,
apropria e vive a educação, localizado numa determinada situação no mundo.
O
mundo escolar e nele as práticas pedagógicas está imbuído das relações sociais
que marcam a sociedade brasileira, a exemplo da exclusão,desigualdade social e relações de
poder e de alienação.
O
cotidiano é organizado de forma fragmentada e homogênea, embora carregado de heterogeneidades.
O anúncio de algumas modificações evidentes na
sociedade brasileira contribui para a compreensão de aspectos que envolvem a
prática pedagógica. Em primeiro lugar, é importante considerar a prática
pedagógica como parte de um processo social e de uma prática social maior. Ela envolve
a dimensão educativa não apenas na esfera escolar, mas na dinâmica das relações
sociais que produzem aprendizagens, que produzem o “educativo”.
Paulo
Freire (1987) expressou inúmeras críticas à educação que denomina bancária,
assim como elaborou uma proposta de educação libertadora, voltada para a
transformação social e, portanto,centralizada no sujeito histórico que produz,
apropria e vive a educação, localizado numa determinada situação no mundo.
O
mundo escolar e nele as práticas pedagógicas está imbuído das relações sociais
que marcam a sociedade brasileira,
OBJETIVOS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
·
Tornar-se,
cada vez mais, capaz de desenvolver as atividades nas quais se engaja de
maneira autônoma, e em cooperação com outras pessoas, crianças e adultos. Desta
forma, desenvolver a capacidade de começar a coordenar pontos de vista e
necessidades diferentes dos seus, socializando-se.
·
Interagir
com o seu meio ambiente (social, cultural, natural, histórico e geográfico) de
maneira independente, alerta e curiosa. Isto é, estabelecendo relações e questionamentos sobre
o meio ambiente, os conhecimentos prévios de que dispõe, suas idéias originais
e as novas informações que recebe.
·
Apropriar-se
dos mais diferentes tipos de linguagem construídos pela humanidade (oral,
escrita, matemática, corporal, plástica e musical), de acordo com as suas
capacidade e necessidades, utilizando-as para expressar o seu pensamento e as
suas emoções, a fim de compreender e comunicar-se com as outras crianças e os
adultos.
·
Assim sendo,
o educador precisa ter em mente estes objetivos, a fim de avaliar as atividades
que ele planeja e as suas próprias atitudes, observado se elas proporcionam às
crianças meios de alcançar estes objetivos. Deve também, atuar de maneira
extremamente próxima às crianças, sendo um mediador para que elas alcancem os
objetivos propostos. E, também, deve avaliar o desenvolvimento do grupo onde
atua e de cada criança, em particular, sem, porém, jamais compará-las umas às
outras, compreendendo que cada uma delas carrega histórias de vida e ritmos de
desenvolvimento próprios.
Currículo
vivo: a organização do trabalho pedagógico na Educação Infantil.
Toda
instituição de educação possui um currículo, e desenvolve a organização do
trabalho pedagógico baseando-se nele. Por vezes, este currículo pode estar
registrado num documento formal, mas, na realidade, a maior expressão do currículo
encontra-se na prática pedagógica diária, realizada em cada sala de aula (ou
fora dela, em outros espaços pedagógicos oferecidos pela escola).
Acreditamos
que o currículo da Educação Infantil manifesta-se concretamente através das
atividades planejadas pelos educadores e oferecidas às crianças.
Por esta
razão, consideramos essencial analisar as modalidades de planejamento presentes
na Educação Infantil. No planejamento, o educador expressa os objetivos de sua
prática educativa, os métodos utilizados e a modalidade de avaliação adotada.
Modalidades de planejamento:
Listagem de
Atividades:
Consiste em listar as atividades a serem
cumpridas durante os vários momentos da rotina, o que geralmente proporciona
longos momentos de espera, pela criança, entre uma atividade e outra, sendo que
estas são planejadas pelo adulto que a atende, sem que exista muita expectativa
deste em atender às necessidades da criança.
Por isto a concepção de avaliação restringe-se
às expectativas do adulto referentes ao “bom comportamento” das crianças.
Afinal, este não espera que as atividades oferecidas proporcionem algum tipo de
desenvolvimento às crianças; espera apenas que a criança cumpra as tarefas
propostas, preenchendo o tempo durante o qual ela permanece na instituição, sem
causar distúrbios, como brigas, bagunça, sujeira, barulho, etc.
Geralmente
composto por festejos dedicados a marcar as várias datas do calendário
comemorativo (Carnaval, Páscoa, Dia das Mães, etc.).
O objetivo
das comemorações seria fornecer informações às crianças. Por exemplo, em
relação ao “Dia do Índio”: espera-se que a criança compreenda que eles foram os
primeiros habitantes do Brasil, que vivem em aldeias, que moram em ocas, etc.
Como as
crianças são ainda pequenas, as informações são “simplificadas” para que elas
possam memorizá-las no curto espaço de tempo destinado a cada comemoração
Planejamento baseado em aspectos do
desenvolvimento:
Influenciado pela Psicologia do
Desenvolvimento, este tipo de planejamento procura contemplar todas as áreas do
desenvolvimento infantil (psicomotor, afetivo, cognitivo, social, etc.).
São elencados temas semanais, supostamente
interligados um ao outro, para serem trabalhados em todas as turmas de uma
instituição. Partem do pressuposto de que os “temas” despertariam os interesses
de todas as turmas envolvidas, do “maternal” ao “pré”. O objetivo deste modelo
pedagógico seria ampliar os conhecimentos das crianças, alargando o seu
universo cultural.
Os temas nem sempre são impostos ao grupo de
crianças pelo professor, ou pela coordenação pedagógica, mas partem da sua
curiosidade natural, observada pelo educador. Entretanto, por ater-se apenas
aos “interesses” dos alunos, neste caso o educador pode pouco contribuir para
que as crianças ampliem o seu mundo e seus conhecimentos.
Conteúdos/Áreas de Conhecimento:
Podemos
citar como exemplo deste tipo de planejamento o “Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil” (RCNEI) e o “Currículo para a Educação
Básica no DF – Educação Infantil/4 a 6 anos”, pois ambos dividem as atividades
a serem desenvolvidas “Formação Pessoal e Social”, “Conhecimento de Mundo”,
“Linguagem Oral e Escrita”, “Conhecimento Lógico-Matemático” e “Natureza e
Sociedade
Projetos de Trabalho:
O projeto de trabalho parte dos interesses e
necessidades apresentados pelos próprios alunos; por isso, nem sempre todas as
turmas de uma escola desenvolverão o mesmo projeto. Desse modo, respeita-se as
características de cada grupo, bem como as particularidades de cada indivíduo,
levando-se em conta o contexto sócio-histórico onde estes estão inseridos.
Como já afirmamos anteriormente, o
nosso modelo pedagógico de Educação Infantil visa o desenvolvimento integral e
a construção da autonomia infantil.
ROTINA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Hora da Roda
Este momento
é presente na rotina de diversas instituições de Educação Infantil, e, podemos
afirmar, é um dos mais importantes para a organização do trabalho pedagógico e
o desenvolvimento das crianças. Na roda, o professor recebe as crianças,
proporcionando sensações como acolhimento, segurança e de pertencer àquele
grupo, aos pequenos que vão chegando. Para tal, pode utilizar jogos de mímica,
músicas e mesmo brincadeiras tradicionais, como “andoleta” e “corre-cotia”,
promovendo um verdadeiro “ritual” de chegada. Após a chegada, o educador deve
organizar a roda de conversa, onde as crianças podem trocar idéias e falar
sobre suas vivências.
Neste
momento da rotina, o professor organizará atividades onde a criança, através de
ações (mentais e concretas) poderá construir conhecimentos de diferentes
naturezas: Conhecimentos Físicos (cuja fonte é a observação e interação com os
mais diversos objetos, explorando as suas propriedades); Conhecimentos
Lógico-Matemáticos (resultado de ações mentais e reflexões sobre os objetos,
estabelecendo relações entre eles), e Conhecimentos Sociais (de natureza
convencional e arbitrária, produzidos pelo homem ao longo da historia – a
cultura. Por exemplo, a leitura e a escrita, e conhecimentos relacionados à
Geografia, à história e a parte das Ciências Naturais). As atividades que
proporcionam a construção destes tipos de conhecimentos podem estar ligadas aos
temas dos projetos desenvolvidos pela classe, ou podem ser resultado do
planejamento do professor, criando uma seqüência de atividades significativas.
Artes Plásticas
O trabalho
com artes plásticas na Educação Infantil visa ampliar o repertório de imagens
das crianças, estimulando a capacidade destas de realizar a apreciação
artística e de leitura dos diversos tipos de artes plásticas (escultura,
pintura, instalações). Para tal, o professor pode pesquisar e trazer, para a
sala de aula, diversas técnicas e materiais, a fim de que as crianças possam
experimentá-las, interagindo com elas a seu modo, e produzindo as suas próprias
obras, expressando-se através das artes plásticas.
Hora da História
Podemos
dizer que o ato de contar histórias para as crianças está presente em todas as
culturas, letradas ou não letradas, desde os primórdios do homem. As crianças
adoram ouvi-las, e os adultos podem descobrir o enorme prazer de contá-las. Na
Educação Infantil, enquanto a criança ainda não é capaz de ler sozinha, o
professor pode ler para ela.
Hora da Brincadeira
Brincar é a
linguagem natural da criança, e mais importante delas. Em todas as culturas e
momentos históricos as crianças brincam (mesmo contra a vontade dos adultos).
Todos os mamíferos, por serem os animais no topo da escala evolutiva, brincam,
demonstrando a sua inteligência. Acreditamos que a brincadeira é uma atividade
essencial na Educação Infantil, onde a criança pode expressar suas idéias,
sentimentos e conflitos, mostrando ao educador e aos seus colegas como é o seu
mundo, o seu dia-a-dia. A brincadeira é, para a criança, a mais valiosa
oportunidade de aprender a conviver com pessoas muito diferentes entre si; de
compartilhar idéias, regras, objetos e brinquedos, superando progressivamente o
seu egocentrismo característico; de solucionar os conflitos que surgem,
tornando-se autônoma; de experimentar papéis, desenvolvendo as bases da sua
personalidade.
Hora do Lanche/Higiene
Devemos
lembrar que comer não é apenas uma necessidade do organismo, mas também uma necessidade
psicológica e social. Em qualquer cultura os adultos (e as crianças) gostam de
realizar comemorações e festividades marcadas pela comensalidade (comer junto).
Por isso, a hora do lanche na Educação Infantil não deve atender apenas às
necessidades nutricionais das crianças, mas também às psicológicas e sociais:
de sentir prazer e alegria durante uma refeição; de partilhar e trocar
alimentos entre colegas; de aprender a preparar e cuidar do alimento com
independência; de adquirir hábitos de higiene que preservam a boa saúde.
Atividades Físicas/Parque
Fanny
Abramovich lembra-nos, com muito humor, o papel usualmente atribuído ao
movimento nas nossas escolas: “Não se concebe que o aluno sequer possua um
corpo. Em movimento permanente. Que encontre respostas através de seus
deslocamentos. Um corpo que é fonte e ponte de aprendizagens, de
reconhecimentos, de constatações, de saber, de prazer.
Atividades Extra-Classe
(Interação com a comunidade)
A sala de
aula e o espaço físico da escola não são os únicos espaços pedagógicos
possíveis na Educação Infantil. Em princípio, qualquer espaço pode tornar-se
pedagógico, dependendo do uso que fazemos dele. Praças, parques, museus,
exposições, feiras, cinemas, teatros, supermercados, exposições, galerias,
zoológicos, jardins botânicos, reservas ecológicas, ateliês, fábricas e tantos
outros. O professor deve estar atento à vida da comunidade e da cidade onde
atua, buscando oportunidades interessantes, que se relacionem aos projetos
desenvolvidos na classe, ou que possam ser o início de novos projetos. Isto
certamente enriquecerá e ampliará o projeto político-pedagógico da instituição,
que não precisa ser confinando à área da escola. Podem haver até mesmo
intercâmbios com outras instituições educacionais.
A rotina é
um elemento importante da Educação Infantil, por proporcionar à criança
sentimentos de estabilidade e segurança. Também proporciona à criança maior
facilidade de organização espaço-temporal, e a liberta do sentimento de
estresse que uma rotina desestruturada pode causar. Entretanto, como vimos, a
rotina não precisa ser rígida, sem espaço para invenção (por parte dos
professores e das crianças). Pelo contrário a rotina pode ser rica, alegre e
prazerosa, proporcionado espaço para a construção diária do projeto político-pedagógico
da instituição de Educação Infantil. Vale, ainda, lembrar que “a dinâmica de um
grupo de crianças é maior que a rotina da creche” (BATISTA, 2001). Isto é, a
rotina aqui proposta é apenas uma sugestão, pois a melhor rotina para cada grupo
de crianças só pode ser estabelecida pelo seu professor, no contato diário com
as crianças.
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